Engraçado é ver hoje aquilo que era
proibido no Estado Novo, antes do 25 de abril de 1974.
Assim, que dizer de ter licença
para isqueiros (“licença anual para uso de acendedores e isqueiros”)? Esta
norma existiu de 1937 até 1970 e a infração obrigava ao pagamento de 250
escudos (muito dinheiro para a época) repartidos entre o Estado (70%) e o agente
autuante (30%).
E que dizer de ser necessário a uma
mulher casada levar consigo autorização do seu marido para viajar para o
estrangeiro? O contrário não era necessário. E o marido, chefe de família, podia
abrir a correspondência da mulher e exigir o regresso se ela decidisse sair de casa. Esta última norma esteve em vigor até 1967.
E que acham de o casamento de
professoras ter de ser autorizado pelo Ministério da Educação Nacional? E de o
pretendente ter necessariamente “bom comportamento moral e civil” e “vencimentos
ou rendimentos documentalmente comprovados em harmonia com os vencimentos da
professora”? Por outro lado profissões como enfermeiras, hospedeiras da TAP e
telefonistas estiveram impedidas durante muitos anos de casar.
E mais uma: sabiam que até 1967 se
uma mulher casada tivesse filhos de uma relação extra-conjugal era obrigada a
registá-los como sendo filhos do marido?
Como os tempos mudaram!
(texto elaborado a partir de informação recolhida na Agenda Cultural de Lisboa, abril 2014)
(texto elaborado a partir de informação recolhida na Agenda Cultural de Lisboa, abril 2014)
O país mudou, mas não o suficiente.
ResponderEliminarÉ que eu, cidadão deste país, com 19 anos de idade em Abril de 1974 e com 59 anos em abril de 2014, fui condenado em Tribunal em 2010 por ter enviado um mail por indignação aos meu camaradas de trabalho. Foram 150 dias a 10€ por me ter atrevido a escrever o que na altura me ia na mente sobre o meu local de trabalho e por que me desagradava