quinta-feira, 12 de abril de 2018

"SOLDADO MILHÕES" Marta Milhões, bisneta do herói, estudou na ESAAG e escreve sobre a estreia do filme


Marta Milhões, hoje com 30 anos, é uma ex-aluna da ESAAG, que frequentou até 2004/05. Marta é bisneta do “Soldado Milhões”, natural do concelho de Murça (Vila Real) e herói da fita com o mesmo nome que estreia hoje em todo o país. É sobre o filme de Jorge Paixão Costa e Gonçalo Galvão Teles, a cuja ante-estreia assistiu, que Marta Milhões escreve a pedido do Blogue EXPRESSÃO.

Para todos nós um herói nacional de bravura e mérito. Para mim, o meu bisavô, o avô da minha mãe, pai do meu avô. É neste misto do Soldado-Homem que o filme “Soldado Milhões” nos enreda. Conta-nos a Nossa História na Primeira Guerra, conta-nos a vida de Aníbal Augusto Milhais, soldado raso que se torna o Milhões.
No filme sentimos o medo do desconhecido, as vibrações do campo de batalha, a revolta, as saudades do que ficou para trás. Tal é reportado no seu mais alto nível por interpretações de grande entrega. Estamos em La Lys e entramos em batalha, acreditem, entramos mesmo!! O que fazer? Em que pensar? Em que acreditar? Milhais, interpretado por João Arrais, está lá, os seus colegas também... Distingue-se o companheirismo, a amizade, a proteção.
Paralelamente vai-se desvendando quem é o Murça, meu bisavô. Homem arrancado da terra como tantos outros. Conhecemos a sua vida, as suas crenças, conhecemo-lo através da excelente interpretação de Miguel Borges. Adelaide, sua filha, surge para desmistificar a figura do soldado. Sentimos a dureza das obrigações, a preocupação, a responsabilidade.
O que distingue Milhais é este misto Soldado-Homem. Para a batalha levou a sua terra, a sua frieza, o seu dever, o seu ser. Não sabendo o que o esperava, soube saber o que fazer! Da batalha trouxe o peso das medalhas. O peso de representar tantos homens perdidos numa guerra “nossa”.
Como bisneta, é fácil a comoção ao ver/reviver o Soldado Milhões. Não o conheci e no mesmo instante conheci-o sempre. Geração em geração fomos e vamos sendo moldados por este conjunto de valores que o definem. Por tal, com muito orgulho sou Milhões, sim, é meu bisavô.
Estou muito feliz com o filme realizado e aqui aproveito para deixar o meu muito obrigado à UKBAR. Viva o cinema português, viva a cultura. Miguel Borges e João Arrais estão mais que parabenizados mas não creio que uma vez mais seja demais. Vivam os atores! A Jorge Paixão da Costa e Gonçalo Galvão Teles, à produtora Pandora da Cunha Telles, um viva à determinação em ressuscitar parte da nossa História.
Viva Milhões!
Marta Milhões

Aproveitem para ver o trailer do filme:



1 comentários :

  1. Vi ontem o filme e gostei. Pareceu-me uma honesta reconstituição da época com interpretações muito boas. Apenas esperava um maior contexto das opções políticas que estiveram em causa na nossa participação na guerra e na defesa das colónias quando ainda não era moralmente censurável o colonialismo. O soldado Milhões existiu e a sua coragem é um paradigma.

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