sexta-feira, 6 de julho de 2018

ENTREVISTA João Paulo Pinto fala sobre os seus 21 anos na Direção da Afonso de Albuquerque



João Paulo Pinto acaba de sair do cargo de subdiretor do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, após 21 anos em cargos executivos. João Paulo Pinto respondeu a algumas perguntas para o Blogue EXPRESSÃO. 

Quando olhas para os últimos 21 anos, que recordações (boas e más) guardas?
Vinte e um anos foi muito tempo e aconteceu um pouco de tudo. Ao longo de todo este tempo, o que guardo como melhor recordação foi o constante apoio que todos os que me rodeavam me deram. Um apoio que fez com que se conseguisse, em conjunto, concretizar ideias e mudanças. Quanto a más recordações, se é que lhe podemos chamar assim, realço a sensação de impotência para a resolução de alguns problemas que surgiram logo após a requalificação da Escola. Refiro, por exemplo, a questão do aquecimento, que só agora está a tender para a normalização e otimização, ao fim de quase meia dúzia de anos após a Escola ter sido “entregue”.
Houve algum momento mais marcante?
Posso identificar pelo menos três momentos marcantes.
O primeiro, em 1998, com o Projeto MPEI (Macau-Portugal-Escolas-Internet), em que a Escola Secundária Afonso de Albuquerque ganhou o primeiro lugar, proporcionando a professores e alunos um intercâmbio que nos levou literalmente para o “outro lado do mundo”. Foi um projeto que culminou com uma viagem inesquecível. Este projeto foi o alavancar de muitos outros projetos em que, ao longo dos anos, fomos participando e para os quais ressalto a dedicação e empenho de alunos e professores que sempre conseguiram colocar o nome da Escola, e mais recentemente do Agrupamento, nos lugares cimeiros a vários níveis.
Um segundo momento teve a ver com a Requalificação da Escola Afonso de Albuquerque pela Parque Escolar. Desde 2008, tudo mudou. Na altura, eu estava com a parte das infraestruturas e equipamentos. Desde a fase do projeto até à execução viveram-se situações complicadas. A adequação dos espaços, dos equipamentos e mesmo dos materiais a utilizar foram “batalhas”, infelizmente nem sempre ganhas, que fizeram parte do dia a dia da Direção. Recordo que a maior dificuldade foi colocar a Escola a funcionar “em pleno” só nos setores F, G e H e nos Monoblocos colocados no recinto. Nessa altura a colaboração e compreensão de todo o corpo docente e discente foi essencial para ultrapassar as dificuldades sentidas.
Por último, não posso deixar de realçar a constituição do Agrupamento em 2013. O aparecimento desta nova realidade, com desafios e exigências diferentes, veio alterar de forma significativa o trabalho nas Direções.
Qual é a exigência deste cargo em que trabalhaste? E como é que se “aguenta” metade da carreira em cargos executivos?
Ao longo destes anos passei por diferentes cargos nas várias Direções. Comecei como Assessor da Direção, Adjunto do Diretor e neste último mandato como Subdiretor. A exigência do trabalho numa Direção prende-se com a responsabilidade de colocar a “máquina” a funcionar, em todos os níveis. Isto só é possível havendo trabalho colaborativo, o que se verificou em todas as Direções que integrei, inicialmente como Escola e atualmente como Agrupamento. Uma outra exigência, devido a todo o trabalho que tem de ser feito, é a inexistência de horário. Uma vez alguém me disse que quem está numa Direção “normalmente sabe sempre a que horas entra: o problema é que nunca sabe a que horas sai”. Também a instabilidade inerente à constante alteração de legislação se reflete muitas vezes no trabalho organizativo da própria Direção.
Quanto à questão de como se “aguenta” tantos anos, só tenho uma resposta. Com dedicação, gosto e orgulho por aquilo que se faz, muito “amor à camisola”, o ver “a obra” crescer e o mais importante - o apoio da família.
Qualquer professor devia passar alguns anos em cargos diretivos?
Acho que sim. O passar por cargos diretivos faz com que se tenha uma perspetiva diferente do funcionamento das Escolas, despertando para algumas realidades muito importantes e que “do outro lado” muitas vezes não são percetíveis.
Supondo que agora te "sobra” mais tempo, como é que o vais ocupar?
Devido à minha formação científica na área da Física, o tempo para mim é um conceito relativo. Embora ao longo dos anos de Direção tenha tido sempre alguma turma, vou a partir do próximo ano letivo ter uma realidade bastante diferente. O retomar da atividade letiva vai ocupar, como os professores bem sabem, a quase totalidade do meu dia a dia. No tempo que “sobrar”, terei a possibilidade de concretizar alguns projetos pessoais e familiares tantas vezes adiados.

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