CONGRESSO DA APPF - 3 Francês, a língua dos jovens

Carlos Pais Rodrigues continua a responder sobre o Congresso da APPF de janeiro passado.

O encontro revelou alguma estratégia nova de afirmação do Francês no mundo?

Esta pergunta apenas revela que, de facto, andamos muito distraídos – o que ainda é mais evidente neste cantinho recôndito do nosso Portugal.

A OIF (Organização Internacional da Francofonia) é a maior organização deste género a nível mundial (a par da Commonwealth – não dispondo todavia da figura emblemática de uma Rainha de Inglaterra!) e não cessa de crescer: são atualmente 88 os países que a integram (ver aqui) e aguarda-se para breve a adesão de Portugal, com o estatuto de “observador” – tendo a França já aderido, em julho transato, à CPLP, com o estatuto de “ObservadorAssociado” – o que nos leva obviamente a interpretar que os objetivos destas associações não serão meramente de índole linguística…

O Francês é a única língua, a par do Inglês, que é falada em todos os continentes e a segunda língua mais ensinada em todo o mundo. É também a língua dos “jovens” e, também por isso, do “futuro” – preste-se aqui a devida atenção ao continente africano onde reside uma parte muito significativa da população mundial com menos de 30 anos e que, por razões óbvias, para além de falar Inglês e Português, fala essencialmente Francês; aliás, mantendo-se o ritmo de crescimento atual, prevê-se um número de francófonos superior a 700 milhões, no planeta, em 2060 (vide relatórios de 2014 e de 2018 do Observatoire de la Langue Française).

Como se infere, os estudos estão esmiuçadamente feitos e as estratégias devidamente delineadas e a Francofonia – conceito que, como se viu, não deve ser interpretado como algo exclusivamente da França ou de alguns países da Europa – continua de ótima saúde e recomenda-se! As questões atinentes ao foro político, económico e até ao sistema de valores são normalmente abordadas, discutidas e tratadas no Sommet de la Francophonie que ocorre a cada dois anos – o XXVIIº foi em Erevan (Arménia), em 2018, e o XXVIIIº será em Tunis (Tunísia), em 2020.

Ainda a título de mera curiosidade e como ilustração do que foi atrás referido, sabia que a pretexto de um são convívio de índole essencialmente desportiva e visando, obviamente, a promoção dos valores da própria Francofonia, os países francófonos se encontram a cada quatro anos, alternadamente no hemisfério norte e no hemisfério sul, nos Jeux de la Francophonie ? Veja aqui.