Seis alunos do 10º B e D leram na Visão a crónica de Ricardo Araújo Pereira "O mundo não quererá fazer o favor de estar quieto?" e resolveram treinar a arte de cronista. Eis as duas primeiras crónicas.
Devido aos tempos de confinamento que passamos, parece-me lógico
abrandarmos e parar para repensarmos como eram as nossas vidas
"outrora", atarefadas, e como poderá vir a ser o nosso futuro.
A situação em que hoje nos encontramos veio deixar bem claro, outra vez,
o quão o ser humano é frágil e vulnerável. Razão tinha Camões na sua primeira
reflexão de Os Lusíadas. Contudo, os meios de comunicação acham que
ninguém o sabe e decidem, por isso, disseminar essa ideia diariamente. É como
se os roubos, assassinatos, manifestações tivessem terminado. Ligo a televisão,
ouço a rádio, folheio um jornal e tudo começa e termina com o tema do vírus.
Esta informação é despejada de forma tão intermitente que quase tenho a
sensação de que o vírus me está a vigiar, atentamente. A uma distância segura
de dois metros, claro.
A verdade é que esta situação está a gerar uma autêntica instabilidade
na sociedade mundial e as liberdades que todos julgávamos garantidas estão
agora a ser-nos retiradas. Porém, o momento que enfrentamos não é mais do que
uma daquelas rasteiras que normalmente sofremos no nosso normal quotidiano. Por
isso, não há muito mais a fazer do que lavar as mãos, praticar o distanciamento
social, utilizar a famosa máscara, que já não dá uma falsa sensação de
proteção, e direcionar todas as rezas a Fátima e aos cientistas. Assim,
poder-se-á conseguir uma cura abençoada.
Mas chega de negativismo. O que é mais importante é festejar o facto de
o 25 de abril ter sido celebrado e de estarmos a presenciar o decréscimo de
dióxido de carbono na nossa atmosfera.
Afinal, este mundo não sabe estar quieto. Os outros… não sei. O
Pentágono diz que há fenómenos aéreos inexplicados.
Rodrigo Pimentel, 10ºD
A vida é feita de
altos e baixos, assim como o mundo dá várias voltas. Por vezes, perguntamos se
o mundo não quererá fazer o favor de estar quieto, outras vezes imploramos que
ele se mexa.
Por vezes há
estabilidade na nossa vida, seja a nível de saúde, trabalho, relações ou só
mesmo com nós próprios. É nessas alturas que imploramos que o mundo fique
quieto, já que a nossa situação atual é boa. Mas é exatamente aí que o mundo
nos prega uma partida. Ele dá voltas. Aquilo que ontem estava perfeito hoje já
não está. Nestes momentos, pensamos “o mundo só faz isto para me chatear”, mas
também podemos pensar de outra maneira. Quando estamos mal, a implorar para que
o mundo faça o seu papel, o qual acaba sempre por fazer, mais tarde ou mais
cedo, aí, ficamos felizes por ele se ter mexido. É tudo uma questão de
perspetiva. Sei que vamos todos continuar a pensar da maneira que eu referi;
mas, se pensarmos bem, é bom o mundo não estar quieto. Pois as partes más dão
mais graça às partes boas.
De certa forma, é
bom que o mundo não nos faça o favor de estar quieto.
Mariana Andrade, 10ºD
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