A Cantata da Paz foi um dos poemas de
Sophia de Mello Breyner que mais impacto teve, nomeadamente após a adaptação
musical de Francisco Fanhais em 1970.
O poema foi feito de propósito por Sophia para ser lido na
passagem de ano de 1968 para 1969 na Igreja de S. Domingos, em Lisboa, onde um
grupo de católicos resolveu ficar na Igreja após as cerimónias litúrgicas do Dia Mundial da Paz, em
defesa do fim da guerra colonial nas “províncias ultramarinas”, consideradas na
altura parte integrante de Portugal, apesar de todo o movimento de
autodeterminação que a África ia vivendo.
Na vigília estava presente tanto Sophia como Francisco Fanhais.
Aqui fica a Cantata da Paz:
CANTATA DA PAZ
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror
A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças
D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados
Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado.
E aqui a canção no Youtube:
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